sexta-feira, 5 de março de 2010

EMAGRECER OU SER EMAGRECIDO?RESPONSABILIDADE DO SUJEITO E DEMANDA DIRIGIDA À CIÊNCIA

EMAGRECER OU SER EMAGRECIDO?RESPONSABILIDADE DO SUJEITO E DEMANDA DIRIGIDA À CIÊNCIA



Anna Claudia Queiroz,Lorena Lis; Rosangela Araújo, Ana Rita Azevedo, Maria Lúcia Rebello, Irtes Ferreira, Andrea Pinchelli, Bruna Oneda, Patricia Pinchelli,Juliana Sales,
Catarina Harmbacher, , Ana Lúcia Villaron,, Ana Silvia Pacheco Rosa, Roberto Kikko, Moacir Fernandes.



Introdução: Um hábito é constituído por premissas e inferências, fundamentando uma crença. As crenças são elementos que norteiam os desejos e a ação do ser humano. Quando há dúvidas relativas às crenças, freqüentemente desencadeia angústia, mobilizando o sujeito a estabelecer uma nova rede de crenças. A obesidade se caracteriza pelo excesso de gordura corporal, e se desenvolve a partir de hábitos inadequados relativos à alimentação e aos cuidados corporais. Freqüentemente o paciente obeso deseja realizar mudanças de hábitos visando o emagrecimento, porém não apresenta recursos internos para sua realização. O tratamento no GESTO-Grupo Especializado no Tratamento da Obesidade - visa instaurar dúvidas relativas aos hábitos vigentes do obeso, com relação à comida e ao corpo, responsáveis pelo excesso de peso. Posteriormente se oferece uma nova rede de informações, visando fixar novas crenças. Porém, as informações apresentadas são elaboradas pelo sujeito, respeitando sua singularidade, viabilizando ocorrer uma mudança subjetiva frente ao sintoma obesidade e a resignificar os hábitos relacionados à alimentação e a corporalidade.

Objetivo: Este trabalho tem por objetivo apresentar uma forma de tratamento para a obesidade, realizado por uma equipe multiprofissional, com a finalidade de possibilitar o sujeito a realizar mudanças dos hábitos relacionado a alimentação e ao corpo.

Métodos: Análise quantitativa e qualitativa dos atendimentos realizados no período de Abril a Dezembro de 2008, na Unimed de São José dos Campos, em 174 pacientes, com o IMC maior que 35, para tratamento clínico e cirúrgico da obesidade, ou que já se submeteram a cirurgia bariátrica. Resultados: Da população atendida, 19% eram do gênero masculino e 81% feminino. Observou-se, no decorrer dos atendimentos, um contraste nos resultados entre os pacientes candidatos à cirurgia bariátrica e os que estão realizando o tratamento clínico da obesidade. Nos pacientes que esperam a realização da gastroplastia não houve um emagrecimento significativo, enquanto entre os pacientes do tratamento clínico ocorreu uma média de perda de peso por período (tempo do programa) de 3,62 kg. A partir da percepção da perda de peso, e no relato dos pacientes nas entrevistas com a equipe multiprofixssional, constatou-se diferentes posturas visando o emagrecimento. O grupo do tratamento clínico da obesidade aderiu às orientações do programa, mesmo que inserir os novos hábitos tenha sido gradativo. Os candidatos à gastroplastia apresentaram resistência, solicitando constantemente a intervenção cirúrgica imediata. A crença que a única forma de emagrecer é através da cirurgia bariátrica é evidente.

Conclusão: No tratamento visando uma mudança de hábitos alimentares e dos cuidados corporais, juntamente com a intervenção na dinâmica psíquica, tendo como um dos objetivos a perda de peso, os resultados se diferenciaram, dependendo da crença do paciente com relação a possíveis estratégias de emagrecimento, como a opção pela cirurgia bariátrica Conseqüentemente, é relevante no decorrer dos atendimentos pela equipe multiprofissional, enfatizar a importância das mudanças de hábitos, independente se o tratamento da obesidade for clínico ou cirúrgico, auxiliando o obeso na construção de uma nova rede de crenças relativa a alimentação e aos cuidados corporais, possibilitando uma melhora na qualidade de vida.



Palavras-Chaves: Implicação subjetiva, Crenças, Obesidade, Psicanálise, Resultados.