sexta-feira, 5 de março de 2010

VULNERABILIDADE PSÍQUICA E SINTOMAS PSICOLÓGICOS EM PACIENTES APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA

VULNERABILIDADE PSÍQUICA E SINTOMAS PSICOLÓGICOS EM PACIENTES APÓS A CIRURGIA BARIÁTRICA


Anna Claudia Queiroz, Niraldo de Oliveira Santos, Roberto Kikko, Moacir Fernandes.


Introdução: O tratamento cirúrgico da obesidade mórbida é uma alternativa cada vez mais utilizada, em decorrência do sucesso na redução do peso Sintomas de ordem psíquica são descritos em pacientes após gastroplastia, embora a literatura aponte para a importância de avaliar a pré-existência destes sintomas antes de tecermos associações dos mesmos ao procedimento cirúrgico. Do ponto de vista psicológico, a cirurgia bariátrica exige do paciente importantes adaptações às mudanças no pós-operatório.O acompanhamento psicológico, nestes casos, tende a obter maior eficácia quando se conseguem diagnosticar com maior precisão os períodos críticos do paciente após gastroplastia.

Objetivo: A finalidade deste estudo foi avaliar as fases de maior vulnerabilidade psíquica do paciente submetido à cirurgia de obesidade, e avaliar a qualidade de vida e a presença de sintomas psíquicos em pacientes pós-cirúrgicos, em comparação ao estado anterior referido pelos mesmos.

Métodos: Estudo transversal com a utilização de questionário desenvolvido pelos pesquisadores, contendo itens de identificação da amostra e Entrevista Psicológica Semi-dirigida. Foram incluídos 70 pacientes, que haviam se submetido à cirurgia bariátrica em momentos variados em relação ao procedimento cirúrgico.

Resultados: Dos pacientes investigados, 81% eram do gênero feminino, 50% possuíam idade entre 41 e 60 anos. Dos pacientes, 65% possuíam tempo de cirurgia entre 2 e 4 anos. O método “Capela” foi utilizado em 90% dos pacientes. Na ocasião do procedimento cirúrgico, 76% dos pacientes possuíam IMC acima de 41. Na ocasião do estudo, 68% apresentavam IMC entre 21 e 30. Quando avaliados acerca da presença de depressão, ansiedade e comer compulsivo, os dados observados antes da cirurgia foram, respectivamente, 58%, 88% e 86%. No momento do estudo, a presença de depressão foi referida em 26%, ansiedade, 43% e compulsão alimentar 18%. Dos pacientes investigados, 42% realizaram algum tipo de acompanhamento psicológico e 25% acompanhamento psiquiátrico após a cirurgia. Em relação as etapas vivenciadas no pós operatório constatou-se que: no 1º mês de cirurgia, os pacientes fizeram referências às mudanças corporais, decorrentes da intervenção cirúrgica; entre o 2º e o 3º mês o enfoque principal é a construção de um cardápio particular,e a alimentação passa a ser incluída na (re)socialização; por volta do 6º mês, foram relatadas aumento das atividades relacionais e sociais, culminando com o surgimento de conflitos e de exigências adaptativas. A referência aos efeitos colaterais perpassa os diversos estágios e merece ser considerada. Ocorre maior probabilidade de deslocamentos sintomáticos após o sexto mês de cirurgia.

Conclusão: Evidenciamos que no 1º mês após a cirurgia, bem como após o primeiro semestre, os pacientes mostram-se mais vulneráveis, favorecendo a eclosão de sintomas psíquicos que merecem intervenção cuidadosa por parte do psicólogo. A perda de peso e as mudanças decorrentes tanto podem fazer com que sintomas psíquicos fiquem ainda mais evidentes nos sujeitos operados, como também podem impulsioná-los a buscar novas estratégias de enfrentamento de situações antes paralisadoras. Conclui-se que é evidente a importância do acompanhamento psicológico, contribuindo com a melhora da qualidade de vida e na adaptação das mudanças inerentes a cirurgia bariátrica.


Palavras-Chaves: Cirurgia bariátrica. Vulnerabilidade psíquica. Sintomas psicológicos. Qualidade de vida.